Alcoolismo - Sintomas, consequências e como tratar
João tem 50 anos, é casado, pai de dois filhos e vive em um bairro de classe média. O bar sempre fez parte do seu mundo. Era lá onde fazia novos amigos e firmava parcerias de negócio. Repentinamente, João aumentou suas idas ao buteco. Era comum dar uma passadinha todos os dias antes e depois do trabalho, e o consumo diário chegava a quase oito litros de cerveja! De local de descontração, o bar se transformou em um refúgio contra os desconfortos físicos cada vez mais frequentes. A tremedeira matinal só parava depois do primeiro gole. João, que apreciava uma boa “breja”, agora bebia para aliviar a náusea, a ansiedade e as constantes alterações de humor. Se o sustento da casa antes fora motivo de orgulho, agora gastava tudo ali, um copo atrás do outro. João apresentava sinais de abstinência alcóolica, que só passavam, é claro, após beber.
Essa é a história de João, mas pode representar uma realidade semelhante a 20 milhões de brasileiros que sofrem com a Síndrome de Dependência Alcóolica, popularmente chamada de Alcoolismo. O Alcoolismo é um transtorno psiquiátrico, caracterizado pelo desejo incontrolável de beber. Mesmo que deseje parar, é impossível para o indivíduo se livrar desse vício sozinho.
Alguns elementos, em maior ou em menor grau dependendo do avanço, definem o Alcoolismo. Dentre eles estão a restrição do repertório, seja do tipo de bebida ou horário de ingestão do álcool; aumento ou diminuição da tolerância em graus mais leves e estágios avançados respectivamente; crises de abstinência aliviadas após a ingestão alcóolica. É comum também ouvirmos relatos de indivíduos que percebem a compulsividade e têm consciência de uma possível perda de controle caso caiam em tentação.
A dependência deve ser entendida, entretanto, como algo maleável, sendo que os elementos característicos da síndrome variam, em ocorrência e intensidade, de pessoa para pessoa. É muito difícil, portanto, estabelecer graus ou níveis de Alcoolismo. No geral, se alguém tem sintomas de abstinência numa base diária de 6 a 12 meses e bebe para aliviar os sintomas, podemos dizer que aquela pessoa é severamente dependente da bebida. Quanto mais episódios de recaída a pessoa tiver, mais grave será dependência.
As causas do Alcoolismo ainda não foram totalmente descobertas. Existem fatores pessoais, é claro, e isso varia bastante de acordo com as características e experiências individuais. A influência do contexto sócio-cultural também aparece como um fator preponderante. O álcool é uma droga legalmente aceita, considerada inofensiva e até mesmo saudável. É com um brinde que celebramos nossas conquistas e realizações pessoais, relaxamos após um dia de stress e até afogamos mágoas ocasionais. A mesa do bar é o espaço de socialização tipicamente brasileiro.
É preciso lembrar, entretanto, que o álcool é uma droga, que causa dependência como qualquer outra, e pode levar a transtornos sociais e físicos para o indivíduo. O diagnóstico e o tratamento do Alcoolismo são fundamentais, portanto, não só para o paciente aprender a lidar com a culpa diante do problema, como servem de esclarecimento também para a família e a sociedade. Os familiares devem entender que a condição do paciente não requer apenas uma dose de força de vontade e à sociedade resta conhecer o alto potencial de dependência do álcool.