Tabagismo - O que é, o que causa e como tratar
Como tratar o Tabagismo?
O Tabagismo é a dependência física e psicológica do consumo de nicotina, substância presente no tabaco. Ele é considerado uma pandemia, sendo a maior causa de morte evitável do mundo. Apesar do avanço do conhecimento dos malefícios do fumo e das crescentes campanhas anti-tabagistas, um terço da população é fumante, sobretudo, em países em desenvolvimento como o Brasil.
A Síndrome da Dependência à Nicotina é caracterizada pela presença de três ou mais sintomas, dentre eles o forte desejo ou compulsão em fumar, aumento da tolerância à substância e crises de abstinência, abandono progressivo de prazeres alternativos em favor do cigarro e a persistência do seu uso.
Existem também caracteristícas psicológicas e comportamentais associadas ao consumo do tabaco. É comum o fumante estabelecer uma rotina que estimula o desejo de fumar, além da ilusão de que se fumar, sentirá melhor, ou mais relaxado, diante de determinadas situações.A abstinência, em períodos de retirada ou diminuição do consumo do tabaco, pode causar inquietação, irritabilidade, dificuldade de concentração, sonolência ou insônia, ansiedade, tristeza e aumento do apetite.
O Tabagismo é, portanto uma doença crônica, que deve (e pode) ser tratada. A avaliação da dependência é fundamental para definir o tratamento mais adequado para a cura do vício. Ela deve, primeiramente, ser feita de forma individual e sem a presença de familiares. A abordagem passa pelo histórico do fumante, ou seja, é essencial conhecer a relação do paciente com o cigarro: como e quando começou a fumar, de quais tipos de fumo é dependente e os hábitos relacionados ao consumo do tabaco. É necessário também avaliar todas as tentativas anteriores para abandonar o vício e porque o fumante teve recaídas. Manifestações clínicas, como doença tabaco-relacionado ou história familiar, e psquiátricas também podem funcionar como excelentes motivadores.
É importante que os profissionais da área de psicologia e psiquiatria estejam cientes da importância do tratamento para combater a dependência. Diversos estudos, inclusive, mostram que a associação do aconselhamento profissional com o uso de medicação adequada são bastante efetivos no processo. O tratamento pode começar de forma abrupta ou gradual, esta última caracterizada pela redução do consumo diário ou adiamento do consumo.
Os medicamentos que auxiliam a interrupção do uso do cigarro podem ser nicotínicos ou não-nicotínicos. Os nicotínicos têm como objetivo diminuir os sintomas de abstinência e a intensidade da fissura, sendo que o uso deve ter início assim que o paciente parar de fumar e o tempo médio varia de de três meses a um ano. São eles os adesivos, gomas, pastilhas e sprays. Já os medicamentos não-nicotínicos são antidepressivos atípicos com ação nos centros de produção de dopamina. O tratamento deve ser iniciado uma semana antes do paciente parar de fumar, com um comprimido de 150mg durante três dias pela manhã. A partir do quarto dia, o paciente deverá tomar dois compridos diariamente, com intervalos de 8h.
Já as estratégias não-farmacológicas se baseiam no aconselhamento individual ou em grupo. É fundamental a compreensão de que cada fumante estabelece uma relação específica com o cigarro. Durante esse processo, o foco deve ser na identificação das crenças e dos comportamentos relacionados ao consumo da substância com o objetivo de desfazê-los. O ideal é, primeiramente, propor ao fumante o monitoramento e a identificação dos hábitos e das crenças relacionadas ao consumo do tabaco. Logo depois, o aconselhamento deverá ter uma carga motivacional. A mudança precisa acontecer diariamente. O objetivo é destacar cada ganho para a construção de novos motivadores, e assim por diante. Caso o paciente tenha uma recaída, a mesma deve ser aceita sem culpa. Tentar identificar os motivos que o levaram a fumar novamente ajudam o paciente a se preparar para a próxima vez que enfrentar uma situação semelhante.
O Tabagismo é, portanto, uma doença complexa causada por vários fatores, tanto físicos quanto psicológicos, e sua abordagem deve ser no sentido de identificá-los e tratá-los um a um. Vale lembrar que parar de fumar é fundamental para melhorar a saúde e a qualidade de vida da pessoa. Fumar acarreta a perda de 10 anos e, quanto mais o tempo passa, mais essa expectativa é reduzida. Quanto mais cedo o fumante abandonar o vício, melhor.