Maconha e Psicose
Você sabia que a maconha está associada à Psicose? Efeitos psicóticos relacionados ao consumo da droga, sejam eles crônicos ou agudos, moderados ou pesados, vêm sendo cada vez mais diagnosticados entre usuários com predisposição a desenvolver transtornos mentais.
Popular em culturas milenares como a chinesa, a hindu e a mesopotâmica, a maconha chegou ao Ocidente no século XIX e, rapidamente, o hábito de fumar a erva se propagou. Em meados do século XX, ela foi proibida em diversos países ocidentais, pois acreditava-se que o seu uso levava à decadência das faculdades mentais e à insanidade tóxica. O efeito da planta sobre a saúde mental ganhou, então, a Psiquiatria e tem sido tema recorrente e controverso de pesquisas na área.
O primeiro grande estudo, realizado em instituições psiquiátricas indianas durante a década de 30, apontou a Psicose associada ao uso da maconha tanto como resultado da ação específica da droga aliada a predisposições individuais e ambientais quanto ao aumento do consumo entre portadores de doenças psiquiátricas. A maconha passa, portanto, a ser considerada causa e consequência de transtornos mentais e todas as pesquisas destinam-se a investigar a existência de uma psicose específica motivada pelo seu uso, denominada Psicose Canábica. A Psicose Canábica poderia, dessa forma, ser aguda, constituída por um grupo de sintomas alucinatórios e psicóticos que seguiam e ultrapassavam a experiência do consumo; ou crônica, caracterizada pelo uso pesado e sistemático, em indivíduos que não possuíam história familiar de transtornos psicóticos e desprovidos de sintomas pré-mórbidos de esquizofrenia.
A Psicose Amotivacional, associada ao consumo da maconha, foi outro conceito que ganhou destaque em estudos psiquiátricos. Acreditava-se que usuários crônicos e pesados da substância distaciavam-se do convívio social e afetivo sem manifestar preocupação e angústia. Apesar dos esforços, nenhum dos estudos que relacionavam maconha à Psicose conseguiram comprovar que os transtornos eram de fato causados exclusivamente pelo consumo da droga.
O elevado consumo de maconha entre esquizofrênicos - maior do que na população em geral, inclusive - também contribuiu para que os pesquisadores associassem a droga aos transtornos mentais. Os dados mais uma vez foram inconclusivos, afinal de contas, o uso da planta poderia tanto desencadear a doença quanto aliviar os sintomas ou efeito colatarais dos remédios durante o tratamento. A única conclusão em que todos parecem concordar é de que a droga intensifica as manifestações psicóticas e piora o prognóstico da doença.
Devido ao aumento do consumo e consequências para os usuários, a maconha e seus efeitos voltaram a ser pauta de pesquisas psquiátricas recentes. Estudos metodológicos realizados com suecos e holandeses comprovaram de que existe, sim, uma relação entre o uso da maconha e a predisposição à Psicose. Quanto mais intenso, precoce (especialmente na adolêscencia) e combinado com outras substâncias for o uso, maior as chances do indivíduo desenvolver transtornos psicóticos.
Há, portanto, evidências concretas de que o uso pesado e prolongado de maconha pode ocasionar quadros psicóticos que persistem mesmo após a abstinência. Tanto as psicoses tóxicas (de natureza orgânica, marcadas por confusão, alucinações e restrita ao período da intoxicação), quanto as psicoses funcionais (semelhantes à esquizofrenia e que requerem tratamento medicamentoso) acontecem com mais freqüência em indivíduos com doenças mentais ou predisposições individuais prévias.
No entanto, o diagnóstico combatível com uma Psicose Canábica típica é impreciso e, pelo menos por enquanto, permanece especulativo com dados muito inconclusivos sobre se, de fato, a maconha pode causar Psicose.