Depressão - o que é, causa, como tratar
A Depressão, ou Episódio Depressivo Maior, é um transtorno psiquiátrico que afeta mais de 350 milhões de pessoas no mundo e quase 15 milhões de brasileiros, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Ela é caracterizada, sobretudo, pela recorrência dos sintomas durante a maior parte do dia, quase todos os dias, em um período de duas semanas consecutivas. O episódio é acompanhado pela sensação de impotência e sofrimento excessivo e pode causar prejuízos no contexto social, profissional e em outras áreas importantes na vida do indivíduo.
Os principais sintomas da Depressão nos adultos é o humor deprimido, triste, desesperançoso e desencorajado, a perda de interesse por algumas atividades que antes costumavam ser prazerosas e o retraimento social. Em crianças e adolescentes, é comum a tristeza profunda ceder lugar a episódios de irritação. O indivíduo também deve apresentar pelo menos mais quatro outros sinais como a diminuição ou o aumento do apetite e do peso; redução do interesse sexual; perturbação do sono como insônia ou sonolência; alterações psicomotoras como agitação ou dificuldade de realizar tarefas antes corriqueiras como trocar de roupa; perda da concentração e lentidão do raciocínio; pensamentos sobre morte e tentativas de suicídio, sendo que, aqui no Brasil, anualmente, 850 mil pessoas se matam em consequência da Depressão.
O indivíduo depressivo tem propensão ao choro, irritabilidade, dificuldade nos relacionamentos interpessoais, medos e preocupações excessivos, além ser comum relatos de episódios de Síndrome do Pânico.
Os achados laboratoriais não são suficientes para diagnosticar o Episódio Depressivo Maior, uma vez que os indícios são bastante semelhantes ao de outros transtornos psiquiátricos como o Transtorno Bipolar. No geral, os sintomas associados do transtorno incluem as perturbações do sono, principal motivador do indivíduo na hora de se procurar a ajuda de um especialista; a desregulação de uma série de neurotransmissores associados ao prazer, como a serotonina e alterações hormonais, metabólicas e do fluxo sanguíneo cerebral. A Depressão de início mais tardio pode estar relacionada a alterações da estrutura cerebral, embora não apareça em todos os casos e nem seja uma manifestação específica do quadro.
Além da idade, o gênero e a cultura também podem direcionar a experiência da Depressão. As mulheres, em algum momento de suas vidas, sobretudo, a partir da puberdade ou após o parto, têm mais risco de desenvolver a doença que os homens. Em relação aos aspectos culturais, os latino-americanos queixam-se de nervosismo e dores de cabeça; os asiáticos de perda do equilíbrio; no Oriente Médio as pessoas associam à doença como um problema de coração; e os índios hopi americanos de “coração partido”.
É importante ter cautela para diagnosticar o Episódio Depressivo Maior e saber distingui-lo de outros transtornos psiquiátricos de humor, ou mesmo de doenças fisiológicas que apresentam sintomas semelhantes. O que vai definir se trata de Depressão é o que inicialmente provocou o aparecimento dos sintomas e como os mesmos afetam a vida do indivíduo.
O Episódio Depressivo Maior não aparece como consequência do abuso de drogas ou de outros medicamentos. Neste caso, o diagnóstico correto seria Transtorno de Humor Induzido por Substância, no qual o indivíduo apresenta algumas características depressivas causadas pela dependência da drogas, bem como pela crise de abstinência. Quando a alteração do humor é resultado dos efeitos de uma condição médica debilitada, o diagnóstico apropriado é o Transtorno de Humor Devido a uma Condição Médica Geral e se baseia nos achados médicos laboratoriais que vão determinar aquela doença específica que desencadeou o episódio depressivo. Sintomas como a perda de peso pode ser uma característica da diabetes ou de úlcera, e a tristeza e a irritação podem ser resultado de um infarto do miocárdio recente, por exemplo.
A tristeza após a perda de uma pessoa próxima também não deve ser identificada inicialmente como Depressão, o que vai determinar o seu diagnóstico é o tempo de duração dos sintomas. Se os sintomas aparecem dentro de dois meses após o ocorrido, não persistem após esse período e nem causam prejuízos funcionais acentuados, é bem provável que se trate de Luto, ou Transtorno de Adaptação com Humor Deprimido.
Finalmente, períodos de tristeza fazem parte da condição humana e não devem ser avaliados como Depressão, exceto, que sejam satisfeitos os critérios de gravidade e duração dos sintomas indicados inicialmente.